quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Brasília de Minas contra regulamentação das Organizações Sociais

População lota plenário da Câmara Municipal para protestar contra projeto de lei nº 11/2010

Fernando Almeida
Repórter

Centenas de pessoas foram à reunião da câmara nesta segunda-feira (30/08) para protestar contra o projeto de lei nº 11/2010 que visa regulamentar a lei das OSs (Organizações Sociais) em Brasília de Minas. Como o projeto ainda tem pontos que precisam ser mais bem entendidos pelos parlamentares, a presidência da casa decidiu não colocá-lo em pauta, o mesmo será discutido e votado depois de passar por uma criteriosa análise no poder legislativo.
Mas o quê é tão polêmico neste projeto, por quê a população teme tanto que o mesmo seja aprovado? Para responder esses questionamentos é preciso recorrer à LEI Nº 9.637/98. Essa é uma lei federal publicada no dia 15 de maio de 1998 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. O projeto do prefeito pretende apenas regulamentar em nível municipal está lei.
No Art. 1º da referida lei diz o seguinte: - o Poder Executivo poderá qualificar como organizações sociais pessoas jurídicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e preservação do meio ambiente, à cultura e à saúde, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei.
A partir de então o município poderia fazer com a OS um contrato de gestão como está previsto no Art. 5º: - para os efeitos desta Lei, entende-se por contrato de gestão o instrumento firmado entre o Poder Público e a entidade qualificada como organização social, com vistas à formação de parceria entre as partes para fomento e execução de atividades relativas às áreas relacionadas no art. 1º.
Assim ficaria o prefeito autorizado a fazer esse contrato de gestão com uma OS para administrar alguns setores ou partes deles no município, desde que sejam das seguintes áreas: Educação, pesquisa científica, desenvolvimento tecnológico, meio ambiente, cultura e saúde. Fontes que não se identificaram disseram que o prefeito pretende aprovar o projeto para resolver o problema da saúde no município.
Em uma carta à população o prefeito diz que as pessoas que foram à reunião da câmara para protestar contra o projeto estão mal informadas e não sabem o que é uma OS, mas não é bem assim, basta uma simples pesquisa nos principais veículos de comunicação do país para saber o verdadeiro papel das OSs dentro de uma administração pública. Muitas matérias jornalísticas publicadas na internet mostram que essa terceirização do serviço público não tem dado certo em várias cidades brasileiras.
Diante de toda a polêmica, a vereadora Ana Margareth sugeriu que seja feita uma audiência pública para discutir o assunto. Já o vereador João Cardoso disse que esse projeto não é viável e mesmo merecendo mais discussão, ele já se posiciona contrário a aprovação. "Não vejo nenhuma necessidade para que uma cidade do porte de Brasília de Minas tenha uma administração paralela", Afirma o vereador.
O bioquímico Wendell Flávio disse que existe um temor da população com relação ao projeto, por isso todos estão na busca de mais informações. "O que a população veio buscar hoje foi informação, para ter um respaldo legal, conhecer melhor o projeto e chegar a um denominador comum para resolver o problema", Disse.
O chefe de gabinete Ademar Afonso Ruas estava na reunião, mas não quis gravar entrevista. Ele pediu que as perguntas fossem encaminhadas para ele e para o prefeito, por email, que seriam respondidas nas primeiras horas desta terça-feira. Assim foi feito pela reportagem do Jornal Acontece, mas até o fechamento desta matéria, às 21h41min, nenhuma resposta.