domingo, 20 de dezembro de 2009

E AGORA ZEZÉ..


Transferido pela Copasa, verador fica com a carreira política

Zezé da Copasa (foto) vê manobra do prefeito Arruda para retirá-lo de cena e diz que sua "batalha" continua

O assunto movimenta o mundo político e adjacências do município norte-mineiro de Januária neste final de semana, após virar manchete do principal jornal da cidade. O enredo não é novo, talvez as personagens. Dois adversários medem força no tabuleiro da política local, entrincheirados na Câmara e Executivo. Um deles, vereador combativo apegado ao jeito ideológico de fazer oposição, é também funcionário público. O prefeito inicia cruzada para mandá-lo para longe, se possível para o quinto dos infernos, como já foi comum nesses sertões.

O dilema do vereador Zezé da Copasa (PT), reeleito para o cargo com 760 votos, ele acaba de receber de presente de Natal a notícia de que foi transferido da empresa em que trabalha. O assunto domina todas as rodas. Como é de praxe nessas ocasiões, o populacho vai se dividir entre os apoios ao vereador e ao prefeito Maurílio Arruda (PTC). A queda-de-braço entre ambos permeou esse primeiro ano de mandato do prefeito, que tem minoria na Casa e foi eleito após processo eleitoral conturbado em que iniciara como mero azarão.

Mal começa o mandato, a Câmara abre comissão processante para investigar atos da administração e Zezé é escolhido como relator. A expectativa era de que o Legislativo botaria para correr o oitavo prefeito em pouco mais de cinco anos. Advogado de certo renome justamente na promissora área de socorro a agentes públicos em apuros, e com trânsito fácil nos corredores dos Tribunais, Arruda barra o processo político que estava prestes a implodir seu mandato recém-começado.

A novela segue em seus maus atos. Da outra ponta, como anota a edição desta semana do jornal “Tribuna do Vale”, o prefeito não ficou para trás. Um suplente sai das sombras e pede a perda de mandato do vereador Zezé, sob a alegação de que o petista não tem domicílio na cidade e sim em Montes Claros. Foi coisa do prefeito Arruda, que teria incentivado o pleito do suplente Antônio Rosa.

A mesa diretora da Casa mandou o assunto para a gaveta. Arruda não se dá por vencido e vai ao Ministério Público pedir investigação do real uso da verba de gabinete dos vereadores, dinheiro que suas excelências usavam da forma como bem entendiam. O prefeito bateu em Chico, mas queria pegar mesmo era o Francisco eleito pelo do PT.

Agora veio a bomba: a Companhia de Saneamento de Minas Gerais, que o vereador petista incorporou ao seu nome após quase três décadas de serviços prestados e que, a bem verdade, serviu de mote para sair do status de encanador para o de aguerrido defensor da moral e bons costumes na lida com a coisa pública, transferiu o servidor José do Patrocínio Magalhães Almeida, ele mesmo, o Zezé da Copasa, para a cidade de Curvelo, no chamado Coração de Minas, cerca de 400 quilômetros distante da sua Januária.

Zezé fica no cargo

O site do vereador não traz uma linha sobre o assunto na manhã deste sábado. Mas o colunista Afonso Lima, do semanário “Tribuna do Vale”, informa que ele optou por sair da Copasa, onde entrou há quase 30 anos pela via do concurso público, no que seria “decisão das mais sofridas que o vereador tomará, quando, já próxima sua aposentadoria, perderá significativos pontos na hora de aposentar-se. Zezé fica com a carreira política e diz que vai monitorar o prefeito Arruda 24 horas por dia. Numa frase: a briga continua.

No “perfil” que mantém na sua página na internet, Zezé anota o parágrafo que segue:

“Meus amigos e minhas amigas, há décadas nosso povo vem sendo massacrado pelos coronéis que comandaram e ainda tentam comandar a política em nossa cidade. Utilizam-se do domínio dos meios de comunicação de forma covarde, divulgando o que lhes convêm aproveitando da simplicidade de nossa gente. Implantam, com muita eficiência, a máfia das mentiras, dos boatos, das falsas obras e dos panfletos anônimos como arma, na tentativa de neutralizar as novas lideranças que chegam para por fim a essa cultura de corrupção”.

Seria o caso uma tentativa de barrar uma voz emergente na política local? O prefeito Maurílio Arruda reedita com punhos de seda a velha política dos coronéis em Januária? Arruda, por óbvio, não virá à boca do palco para reivindicar a autoria da transferência do vereador desafeto. Transferência essa que seria mero ato administrativo que dormitava há alguns anos na diretoria da tal empresa. Novo round na queda-de-braço entre a Câmara e o prefeito, em que este último leva a melhor outra vez.

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