quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Colóquio revela consequências sociais da Usina de Irapé

O principal argumento para a construção de grandes barragens e usinas hidrelétricas em pequenos municípios brasileiros é o de que os projetos trarão o tão aguardado progresso para as esperançosas populações locais. Mas isso não passa de um mito, e não é mito de cultura popular. Pelo menos, no que diz respeito aos reassentados da Usina de Irapé, o que se fez foi criar mais problemas. É um pouco da conclusão do Colóquio “Barragem de Irapé - um balanço das consequências sociais”, realizado nos dias 1º e 02 de outubro de 2009, no Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Minas Gerais (ICA/UFMG), em Montes Claros, Norte de Minas Gerais.


Quarenta pessoas participaram do evento e representavam entidades como a Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais (Fetaemg), a Cáritas da Arquidiocese de Montes Claros e diversas associações comunitárias de reassentados. Ao contrário de trazer desenvolvimento para os municípios vizinhos da área onde a Usina de Irapé foi construída, como Josenópolis, Padre Carvalho e Botumirim, no miolinho do Vale do Jequinhonha, o empreendimento trouxe foi mais complicações para o governo, e faz crescer cada vez mais o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Obrigadas a se transferirem de suas propriedades "naturais", as famílias de reassentados passam a conviver com novos obstáculos.

As crianças não possuem transporte público de qualidade e caminham muito para pegar ônibus no difícil trajeto até a escola mais próxima. Há lotes de reassentados em áreas de reserva ambiental. A cobrança de água e luz continua chegando aos reassentados, mesmo com a precariedade dos serviços de esgoto e de eletricidade nas localidades para onde foram morar os atingidos pela Barragem de Irapé. Para Francisco Dumont foram residir 29 famílias. Para Itacambira, transferiram-se 30. E para Montes Claros chegaram 40 famílias. No total, a Usina de Irapé obrigou a desapropriação de terrenos onde estavam casas em que viviam pacificamente cinco mil pessoas. Agora elas têm que enfrentar a dura vida de um reassentado por causa da construção de uma usina hidrelétrica, que serve os principais centros urbanos do país, mas deixa à margem os seus antigos moradores.
Fonte: Assembléia Popular de Montes Claros

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